Poetizando o Mundo

Quem sou? Não sei.  Há décadas busco uma resposta. Algo coerente. Algo que me mostre Que valeu a pena... Quem sou? Ainda tenho dúvidas. Lembro nostálgica De momentos passados De quem fui um dia. Do rosto liso Do rastejar pela poesia... Quem sou? Será que um dia serei? Será que um dia envelhecerei? Não sei. Tenho minhas dúvidas... Me olho no espelho E não reconheço minhas rugas. Tenho medo de me perder. Nesse trem desgovernado Ou, nos seus trilhos, parado, Tenho medo dessa viagem Até agora não descobri Onde será minha descida Neste caminhar Que é minha vida... Guacira Maffra 23/12/2019

A vida é um rio que não foi represado. Segue seu fluxo, mesmo por caminhos tortuosos. Passa pedras, recebe a chuva, vasa. Este rio fixo no lugar às vezes se acalma, em outras se agita. Rio que corre, onde apenas se bóia, onde se nada em busca de sobrevivência. Penso em como tenho deixado a vida me levar. Em como o fluxo do tempo é contínuo. Em como ele faz curvas e em como me afogo, mas há algo em que posso me segurar. Sigo por esse rio desde o ventre materno, desde o primeiro sopro de vida e a constatação inconsciente de que nadar não seria fácil. Guacira Maffra

Perdi o caminho Na curva do seu sorriso Foi ali que começou Minha perdição Algo doce e proibido Um toque sensual No seu andar cadenciado Ouvi sua voz Sussurros suaves Arrepios que fizeram Meu caminho perdido Eu paro e penso Onde a solidão Que carregava no peito Foi encontrar morada? Não sei Dissipou-se com sua presença Talvez a vida seja assim: Rápida, certa, sincera... Ou nada mais do que Um pulo num abismo escuro Será que haverá amparo Será que você estará Com seus braços abertos Ou serei apenas pó de estrela Brilho morto na escuridão... Sonho numa imensidão... Guacira Maffra

A noite cai E eu aqui A cabeça ganha  No travesseiro O formato Do meu peso Olho para o céu Escuro A lua se esconde No alto, longe, Um brilho Que começa suave Como um beijo soprado Pelo amigo vento Vai uma após outra A chuva mágica Estrelas salpicando A imensidão Já não vejo onde acaba O horizonte Ofuscado pelo brilho Estonteante Da chuva de estrelas Iluminando Uma noite solitária...