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Mostrando postagens de janeiro, 2020

Uma página por dia

Aquela sensação de peso em cima do peito, como se o próprio ar tentasse sufocar você. Uma tremedeira sem motivo. Um milhão de possibilidades que passam por sua cabeça muito antes das decisões serem tomadas. Uma dor de barriga que comprime suas entranhas. A respiração entrecortada. Uma fome de algo que não se sabe o que é. Um choro preso no fundo da garganta. A noite mal dormida. A insônia que acorda você e não o deixa voltar a dormir. Não há motivos. Não tenho uma explicação para todos esses sintomas. Sei apenas que é assim que me sinto.  Há dias estou assim, sem motivo aparente. Sem uma explicação convincente. Sem saber o que poderia ser feito.  Para algumas pessoas parece fácil. Basta controlar essa ansiedade. Mas como? Preciso de uma receita que ensine o passo a passo. Tudo, que poderia ter causado esses sintomas, passou. E as sensações continuam. Então fiz o que já deveria ter feito há vários meses atrás: procurei ajuda psiquiátrica. Veio a chuva de recomendações: esse remédio vici

Uma página por dia

Não podemos criar expectativas que envolvam outras pessoas. Eu sou assim e acabo me decepcionando com muita frequência. Não quero me envolver, mas não consigo me afastar. Tenho esse medo que comprime meu coração e, de alguma maneira, acabarei triste por causa de minhas escolhas, pensando nos outros. Tive a oportunidade em minha mão, bem firme e forte, presa entre meus dedos, mas decidi deixar que ela escapasse. No mesmo momento, me arrependi, e a sensação de impotência me dominou. Fiz uma promessa para mim mesma que agiria de forma diferente do ano passado, e espero cumpri-la. Chega de autoboicote! Chega de ser infeliz com minhas próprias escolhas! E, principalmente, chega de acusar os outros das decisões tomadas por mim mesma. Por um momento hoje pensei com rancor e até quis esbravejar com o mundo, mas para quê? Chega de atitudes infantis. Sou eu quem está no controle de meu destino. E não vou deixar que ninguém assuma isso por mim. Guacira Maffra

Uma página por dia 6

Acho que este é o sexto dia de #umapaginapordia... Agora são 7:55 de uma manhã de domingo de férias. Mas apesar da tranquilidade de poder descansar nesse lugar maravilhoso (pra mim todas as praias são maravilhosas), a ansiedade já começou a cavar um buraco no meu peito. Estou me preparando para retornar para São Paulo, para atribuição de aulas do Estado e sinto um peso dentro de mim. A minha ansiedade é do tipo antecipatória, já estou sofrendo antes mesmo de chegar na minha hora de escolher as aulas. Uma decisão que não tem volta e que vou ter que carregar comigo para o resto do ano.  Tenho boas intenções, mas delas o inferno está cheio (olha o clichê). Sei que o que for decidido mexerá com a vida de outras pessoas e isso me incomoda muito. Queria apenas ser eu mesma e não ligar para os outros como fizeram comigo a vida toda, mas não consigo.  Acabei acordando antes que o normal e não voltei a dormir. Terminei de ler um livro no Kindle e já escolhi outro. Continuei a leitura de um outr

Corro

Corro em busca de algo: De um sentimento De um sonho De um beijo... Corro até meus pulmões Desejarem mais ar Desejarem parar Desejarem se afogar... Corro como se a vida Não dependesse de nada Não fosse um tormento Não estivesse desenfreada... Corro em busca de sentir Algo além de mim mesmo De todo o sofrimento Que vai além do medo... E se não fosse possível Correr contra o vento Deitado, estático, cansado... Correria apenas em meu sofrimento ... Guacira Maffra

Uma página por dia 3

Pensei muito antes de começar a escrever hoje. A preguiça impregnada dos vestígios da hipoglicemia que me deu pela manhã, somada ao calor do verão aqui de Itanhaém estavam em complô contra mim. Acordei de madrugada (como sempre) e me dei conta de que havia esquecido do meu remédio para a tireóide. O mundo caiu. A farmácia mais perto ficava a meia hora de caminhada da casa dos meus pais. Não queria ter de depender da carona de ninguém para comprar, ao mesmo tempo que eu poderia juntar o útil ao agradável: andar para adquirir o remédio. Andar à beira-mar é tudo de bom! Agora, andar numa rua comprida, com pouco comércio, onde não passa ônibus algum por muito tempo (pude comprovar isso na prática), não ajudou nada. Senti muito medo. É claro que para evitar ao máximo possíveis interações humanas, andei mais rápido que o normal e o pão francês (maior inimigo do bariátrico) fez com que eu amargasse a sensação de "estou morrendo" causada pela hipoglicemia. É batata. Basta comer qualq

Uma página por dia 2

Dia 2 Então o dia começa como todos os outros. Cinco da manhã. É cruel o que o nosso relógio biológico é capaz de fazer. Estou tão presa a minha rotina de acordar às cinco, que não consigo proporcionar ao meu corpo e mente horas a mais de sono. Junte a isso o fato de que não existe mais horário de verão e o dia começa a amanhecer cedo assim mesmo. Desta forma, o sol nasce, e com ele e meu relógio biológico em comum acordo, meu dia começa. Férias é tudo que desejo, mas hoje descobri que não vou poder usufruir dela até o dia 2/2, como pensava. Volto à labuta diária no dia 27/1. E bate o desespero e começo a suar frio pensando que as férias irão acabar. Meu coração faz isso comigo. Não me permite relaxar. Ou eu poderia culpar minha ansiedade? Não tenho certeza de nada, nem dos meus próprios sentimentos. Então levantei e me encaixei na rotina das férias. Um desejo de que vou conseguir emagrecer 20 quilos ao longo desse ano para ser considerada apta a entrar na faca mais uma vez. Uma caminh

Uma página por dia

Dia 1 Fui desafiada, indiretamente, a escrever uma página por dia, durante esse mês da escrita criativa. Precisava de uma desculpa para começar a escrever algo ao longo das minhas férias, mas perdi um pouco do interesse pelas fanfics e deixei minha série de fantasia urbana de lado, na verdade, lá em São Paulo, enquanto estou aqui passando férias em Itanhaém. Férias não combinam com notebook, apenas com celular (que já se tornou a extensão dos meus braços) e Kindle. Mas vamos lá, vou tentar escrever umas crônicas, talvez uma por dia. Rotina. Preciso dela para viver. Ao longo de duzentos dias letivos, aguardo por minhas férias. Aqueles momentos sonhados com a praia, com a piscina, longe de crianças indisciplinadas e que ainda não descobriram a finalidade de estudar. É isso aí, você adivinhou se me viu parada em frente a uma sala de aula com, pelo menos, trinta crianças de onze ou doze anos, falando alto e tentando chamar a atenção delas para o substantivo, para o adjetivo, para o verbo..