Uma página por dia 3

Pensei muito antes de começar a escrever hoje. A preguiça impregnada dos vestígios da hipoglicemia que me deu pela manhã, somada ao calor do verão aqui de Itanhaém estavam em complô contra mim.
Acordei de madrugada (como sempre) e me dei conta de que havia esquecido do meu remédio para a tireóide. O mundo caiu. A farmácia mais perto ficava a meia hora de caminhada da casa dos meus pais. Não queria ter de depender da carona de ninguém para comprar, ao mesmo tempo que eu poderia juntar o útil ao agradável: andar para adquirir o remédio.
Andar à beira-mar é tudo de bom! Agora, andar numa rua comprida, com pouco comércio, onde não passa ônibus algum por muito tempo (pude comprovar isso na prática), não ajudou nada. Senti muito medo. É claro que para evitar ao máximo possíveis interações humanas, andei mais rápido que o normal e o pão francês (maior inimigo do bariátrico) fez com que eu amargasse a sensação de "estou morrendo" causada pela hipoglicemia.
É batata. Basta comer qualquer carboidrato simples e esperar que dentro de, no máximo, uma hora e meia precisarei comer novamente. É assim que a gente engorda depois que volta a ter uma dieta "normal". A gente tenta se enganar que pode comer de tudo, mas não é bem assim. Pode ter certeza de que se eu recusar alguma coisa de comer que alguém esteja me ofertando é porque estou pensando na hora futura. E caso eu aceite aquele bolo delicioso ou um pedaço de torta é porque naquele dia resolvi brincar com o destino (ou meu intestino) e estou com uma pontada de vontade de me suicidar. 
Brincadeiras à parte, minha vida nunca mais será a mesma depois de passar pela cirurgia. Mesmo que eu possa, às vezes, me enganar, preciso conviver com as escolhas ruins. Hoje foi o pãozinho francês com manteiga, amanhã quem sabe o que será...

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