Poetizando o Mundo

O que dizer de um livro que mostra um mundo distópico onde ler livros ou manter livros em sua casa é proibido? E que a função de um bombeiro é a de queimar livros e não apagar incêndios? Pois esse é o plot inicial do livro: um bombeiro que de repente começa a perceber a insignificância de sua vida e que busca, nos livros, um caminho  para preencher esse sentimento de vazio, que procura por alguma coisa que nem ele compreende o que falta. Montag é esse bombeiro por volta dos trinta anos, casado com Mildred, uma mulher vazia e que vive às voltas com sua ilusão presa às telas.  Um dia à noite, após o trabalho, ele conhece a filha do vizinho, uma menina de dezessete anos chamada Clarisse e que é chamada de maluca, pois gosta de pensar e fazer perguntas e não se interessa por como as coisas são feitas, mas por que essas coisas são feitas. A partir daí, Montag começa a questionar a sua própria vida e seu trabalho, deixando de ver sentido naquela tarefa. Gostei muito do livro, principalment

Hoje tive de parar para fechar as notas dos alunos do Tabacow. A tarefa difícil mais fácil do planeta! Fechar notas é muito complexo e demanda concentração e bastante tempo para analisar as atividades feitas pelos alunos, corrigir, atribuir notas. Mas estou certa de que levei muito mais tempo preparando as atividades desta quarentena, onde estamos desenvolvendo trabalho remoto, do que eles levaram para fazer. Será que é algo tão absurdo assim querer que eles leiam um livro? Não sei, vai ver é. Só não consigo enxergar dessa forma, já que não passo um dia sequer da minha vida sem ler alguma coisa, qualquer livro físico ou digital ou mesmo um mangá. Estou aqui na frente da tela do computar e ouço BTS na tevê da sala, curtindo o momento. Fechar e digitar as notas foi fácil, pois a maioria dos alunos, simplesmente, deletou o fato de terem aulas de Língua portuguesa e a necessidade de fazer alguma atividade para que eu possa atribuir uma nota por seu esforço. Não sou carrasca. Se

Com tanta poesia contemporânea fazendo sucesso nos dias de hoje, as pessoas esquecem seus poetas clássicos e o quão poderosas suas produções artísticas foram para seu tempo e para a nossa compreensão da sociedade de outras épocas. Gregório de Matos, também conhecido como "Boca do inferno", foi um desses exemplos de poeta que viveu entre os anos de 1636 a 1696. Sua poesia agrada pela sonoridade, visto que muitos desses poemas seguem a forma clássica dos sonetos, mas, ao mesmo tempo, incomoda seu tempo com suas produções satíricas. Ele não tinha papas na língua ao citar os nomes de suas "vítimas" em seus poemas. Eu gosto particularmente dos poemas morais e de amor, pois para compreender os poemas satíricos, muitas vezes, temos de recorrer às explicações históricas e não apenas a uma busca pelo seu vocabulário. Iuri Pereira reuniu os poemas do autor nessa antologia e os dividiu por assunto, fazendo intervenções breves do sentidos de alguns termos usados pelo poeta. R

O que dizer de uma leitura tão consagrada e difícil? O livro é um diálogo entre o narrador (Riobaldo) e alguém que não se tem certeza de quem seja, talvez um homem da cidade, alguém mais jovem, ou uma pessoa que não conhece as dificuldades de se viver no sertão. Riobaldo foi jagunço, estudou, não teve pai (apenas um padrinho) e viveu no meio do sertão e de suas veredas (rios, caminhos). Ele é um homem dividido, controverso, não se decide sobre a existência de Deus e do diabo, não sabe se quer essa vida de jagunço ou se deseja ser líder. Seu coração também é dividido entre o amor por Otacília (e outras mulheres que conheceu pelas veredas da vida) e Diadorin, um jagunço lindo, conhecido por Reinaldo. Nessa história temos conhecimento dos pensamentos dele por Diadorin e do seu desejo pelo rapaz, no entanto, ele nunca cogitou a hipótese de se declarar. Riobaldo conta suas aventuras na jagunçagem e o desejo de vingança. Mas, por ele, talvez fosse melhor ter abandonado tudo e vo

O colombiano Gabriel García Márquez lançou Cem anos de solidão em 1967 e ganhou o Prêmio Nobel de Literatura por essa obra de Realismo mágico, ou Realismo fantástico, em 1982. Dizem que esse livro é o segundo melhor livro de língua espanhola, só perdendo para Dom Quixote. Sem  querer desmerecer a grandiosa obra de Miguel de Cervantes, não concordo com isso. Li os dois livros, e, talvez por ser mais moderno, o livro Cem anos de solidão é muito melhor. É claro que essa é uma opinião de uma reles professora de língua portuguesa apaixonada por leitura. O primeiro indício da grandiosidade do livro é ele ter me feito largar todas as outras leituras de lado e me focar apenas nele. Os vinte capítulos são longos e eu não consegui parar de ler. A cada parágrafo e a cada página, eu queria entender mais e mais as personagens que surgiam ao longo da história e acompanhar sua história e fazer a ligação entre as histórias. Para quem não conhece a história, Cem anos de solidão conta a história da famí

Uma leitura finalizada diz muito mais sobre mim mesma do que do livro lido. Difícil abandonar uma leitura e, ao começar um livro novo, sempre busco a leitura por causa de alguma situação que me fez abrir espaço para ela. Às vezes, é por conta de demandas do trabalho, como por exemplo, Emília no País da Gramática. Como assim, uma professora de língua portuguesa que nunca leu esse clássico de Monteiro Lobato na íntegra? Então, comprei uma edição nova em folha (mesmo quando já tinha outra em PDF na minha estante virtual) e li. Li com olhar crítico, notando as mudanças da língua, e anotando possibilidades de exercícios de interpretação e análises semântica e sintática (para poder trabalhar com meus alunos do ensino fundamental de anos finais).  Estar de quarentena me deixou mais obcecada pelas minhas leituras. Montei pilhas de livros físicos novos e encalhados e baixei milhares de livros no Kindle (principalmente, os gratuitos) e comecei minhas leituras. Três ao mes

Relendo esse segundo volume da série Harry Potter, percebo que, as impressões que tive em minhas leituras anteriores, se mantêm. O livro é muito bem construído em termos de enredo e de personagens. Aos poucos, JK Rowling vai introduzindo personagens e pistas sobre coisas mais grandiosas que aparecerão mais para frente na narrativa. Ela não deixa pontas soltas dentro desse segundo ano escolar de Harry e, ao mesmo tempo, usa uma linguagem que qualquer criança da mesma faixa etária dos protagonistas da história poderia acompanhar sem problema. Um livro que gostaria de ter tido oportunidade de ler quando era criança. Mas, mesmo tendo lido em fases diferentes em minha vida adulta, isso não me tirou o prazer dessa leitura.

A corrida de escorpião, de Maggie Stiefvater , conta a história de Kate (mais conhecida por Puck ) e Sean, dois jovens que vivem em Thisby , um lugar à beira-mar, fictício, onde aparecem os terríveis capall uisce , cavalos sanguinários que vivem no mar e que saem às vezes para caçar em terra. Esses animais, quando capturados, fazem parte da famosa Corrida de escorpião, uma competição para poucos e que gera um monte de lucro para as pessoas envolvidas nessa competição, seja com o comércio ou com apostas. A vida de Puck e de seus irmãos não é fácil, mas, com medo de perder a casa, decide participar dessa competição como a primeira mulher a tentar, fazendo com que todos da região se sintam desconfortáveis com isso. Então ela conhece Sean, um jovem de dezenove anos que venceu essa corrida quatro vezes e que possui o desejo de comprar de seu patrão Corr, um dos terríveis capall uisce. E dessa amizade surge algo mais. Uma história que emociona e que nos deixa presos do início ao fim com

O prisioneiro da noite, de J.R. Ward é mais um livro da série do universo vampiresco da Irmandade da Adaga Negra. Nessa história, conhecemos Ahmare, uma vampira disposta a qualquer coisa para salvar a vida de seu irmão e quê, para isso, é obrigada a usar Duran, um vampiro preso há 21 anos e que sofreu todo tipo de abuso. Conhecemos a história de cada um dos dois personagens principais e como o vínculo cresce entre eles. Mais uma vez, a autora me fez mergulhar nesse universo sensual de violência, vingança e amor. Adorei!

Voto de sangue, de J.R. Ward, é mais um livro do universo da Irmandade da Adaga Negra, e em como todos os outros (já perdi a conta de quantos livros li!), traz a história de amor de um dos casais da série. Esse livro nos mostra a história de Axe, um dos trainees para se tornar um dos guerreiros a serviço do rei, e de Elise, uma jovem da glymera. Além dos dois, temos também a história de Mary e Rhage, com seu drama familiar (não vou falar sobre esse drama pois seria um spoiler). Para quem não conhece a história, estamos falando de um universo de guerreiros vampiros que vivem em Caldwell (Nova York), que têm inimigos, que eles precisam destruir, enquanto se mantêm   em segredo para os seres humanos. Um livro cheio de ação e de cenas sensuais. Adorei!

Nada melhor para passar esses dias estressantes de #quarentena  do que uma releitura! Harry Potter e a Pedra Filosofal é o primeiro livro da série Harry Potter. Este livro é muito especial para mim, mesmo tendo lido depois de adulta, pois fez parte de vários livros indicados por meus alunos. Eu recomendava os necessários a serem lidos para a escola e eles me indicavam aqueles que leram e gostaram. Li esse livro (e os quatro seguintes) em 2004, durante meu primeiro ano como professora de língua portuguesa. Posso dizer que eu surtei. E, se eu já gostava de ler, a partir desse ponto passei a gostar mais ainda! O livro é o mais inocente da série (as histórias ficam mais interessantes a partir do terceiro, na minha opinião, é claro) e traz uma linguagem gostosa de ler. Qualquer criança alfabetizada conseguiria acompanhar a história. É interessante como a criança pode ir amadurecendo durante a leitura desse livro, assim como os personagens. Recomendo muito!

Ainda estou tentando assimilar essa leitura. Não me sinto preparada para falar a respeito dele, mas vou tentar. O livro "O sol é para todos", de Harper Lee, é um romance que se passa nos anos 1930, em Maycomb (uma cidade fictícia), nos Estados Unidos, numa época em que a divisão entre brancos e negros é muito forte. O livro gira em torno da família Finch, narrado sob o ponto de vista de Scout, a filha de oito anos de Atticus Finch, um advogado branco  bem conceituado em sua cidade. Harper Lee ganhou o Prêmio Pulitzer em 1960 por essa obra que leva o título original de "To kill a mockingbird" e traz uma temática atemporal: o preconceito racial. Por ser narrado pelo ponto de vista de uma criança, a história nos faz refletir sobre situações sérias, mas sobre uma perspectiva inocente. Como professora de língua portuguesa, a primeira coisa que me chamou a atenção foi o início das aulas de Scout na escola. A menina sempre foi muito inteligente e acabou aprendendo a ler em

Amo essa história shoujo! Fruits basket é um mangá que conta a história de uma adolescente boazinha, que está vivendo numa barraca nas propriedades dos Souma , pois perdeu sua querida mãe, seu avô precisava que ela ficasse em outro lugar, enquanto sua casa era reformada e Tohru não queria incomodar as amigas. Logo que ela é encontrada por Yuki (o príncipe da sua escola) e Shigure (primo dele), os dois a convidam a morar com eles, em troca das habilidades domésticas dela. Pouco depois, Kyo , vem morar com eles e a menina acaba descobrindo que há um grande segredo envolvendo os integrantes dessa família. A história é muito tocante e está muito bem editada nessa nova versão para colecionador.

Difícil crescer. Difícil aceitar que estou envelhecendo. O mais difícil é constatar que o que eu não considerava atraente, de repente, muda. Com a leitura do livro "Viagem ao Centro da Terra" foi um pouco isso. Eu não imaginava que poderia gostar de ler um livro com cara de história de viagem, num ponto de vista masculino, com pseudos pensamentos científicos e onde o foco não estava na história de amor. Mas eu gostei. Gostei do narrador, inteligente, inseguro, medroso, fazendo o jogo do advogado do diabo em muitos momentos. Fazer o quê?! Talvez o fato de eu ter gostado da história mostre que eu amadureci. Daqui a alguns dias completo 43 (que sofrimento!) e posso continuar gostando de fantasia urbana, de histórias de amor picantes, com um toque de contos de fadas, mas isso não diz que eu também não possa gostar do velho, do antigo, daquilo que foge de minha zona de conforto. Então o fato de ter gostado dessa história de Jules Verne diz muito mais sobre mim do que sobre o livro

Tenho uma necessidade imensa de me fechar dentro de mim mesma. Algo incontrolável. Uma tristeza que encobre minha mente, que domina minha vontade. Mesmo que eu não deseje, não consigo me livrar do sentimentos que me oprime, deprime, me comprime... Meu coração fica apertado e passo os dias através das palavras escritas viajando e vivendo no pensamento.  Por mais que eu queira me libertar, é difícil aceitar tudo isso. Em alguns momentos fico dividida entre o dever e o querer. Fui eu que escolhi que assim fosse, mas o que não controlo me faz fechar o coração para o dever e só sinto a dor de não ser capaz de colocar em prática o que deveria. Olho pela janela do quarto, ao lado da cama, através de suas grades, o céu de chumbo, e agradeço por ela estar ali ao meu lado, segura. Luzes que começam a salpicar ao lado e o sol que aos poucos cede lugar à lua me fazem companhia, enquanto o sentimento impotente que me angustia para ao meu lado e aperta meu peito. Sinto as lágrimas descer

Tentando me recuperar dessa leitura... Anne Rice nos presenteia, nesse quinto volume das Crônicas Vampirescas, com uma intensa narrativa de Lestat e Mennoch (o demônio, anjo caído, Lúcifer, o diabo), enfim, uma história que levei vários dias lendo, apreciando aos poucos seus relatos. Lestat começa essa narrativa mostrando sua nova obsessão: Roger. Esse homem poderoso domina o submundo das drogas e contrabandos e tem uma adorável filha, pura e sensível para o sobrenatural, obcecada por Deus e seus milagres. Durante meses Lestat cerca esse homem e ao decidir aplacar sua sede com seu sangue, matando-o, acaba sendo assombrado por ele e se compromete a cuidar da moça. Mas Lestat tem sido assediado pelo demônio e este o convence a conhecer a sua história da criação do universo e da sua eterna briga contra Deus. Nessa história, temos o relato de toda criação de Deus, de como os anjos, todas as criaturas vivas e a natureza foram criados e de como Mennoch se tornou o diabo. Adorei a hist

O livro "Perdida", da Carina Rissi, conta a história de Sofia, uma moça que vive em 2010 e não acredita em amor. Durante uma festa, ela deixa o celular cair dentro da privada, por estar muito bêbada, e é obrigada a comprar um novo no dia seguinte. Uma estranha vendedora lhe vende um aparelho que seria considerado aquilo que há de mais moderno e, quando Sofia o liga, uma luz ofuscante aparece. Quando a moça abre os olhos, ela descobre que está num lugar totalmente diferente. Um cavalheiro que está de passagem a ajuda, pois pensa que a moça sofreu algum tipo de ataque.  Ian fica encantado por Sofia e esta não consegue acreditar que o tal aparelho celular a levou para 1830! Uma história muito cativante, com passagens que nos fazem chorar de rir. Adorei a linguagem simples e fluida, com um toque do romance de época, mas recheado de expressões do nosso tempo que deixam os momentos de interação de Sofia com as personagens de 1830 muito mais engraçados. Uma história de d

E vamos a mais uma leitura finalizada! Para começar bem esse domingo, nada melhor que uma história tão fofa quanto essa! "O caso da borboleta Atíria", de Lúcia Machado de Almeida (mesma escritora de O escaravelho do diabo), conta uma fábula que se passa numa floresta governada pelo Príncipe Grilo. Atíria é uma espécie de borboleta preta e amarela, singela e delicada. A Atíria dessa história tem uma asa deficiente e, por essa razão, tem dificuldade para voar e ela passa por algumas situações difíceis por causa disso. Mas todos da região adoram a borboletinha que é muito inteligente e prestativa. Porém nem tudo são flores nesse lugar. Há um mistério a ser desvendado que vem rondando o príncipe: sua noiva e logo depois sua nova amiga foram assassinadas. Para investigar esses crimes, ele irá contar com a ajuda do investigador Papílio. Adorei essa história, principalmente, por trazer uma série de notas de rodapé, onde podemos encontrar explicações relacionadas com o universo d

O livro "O orfanato da Srta Peregrine para crianças peculiaridades", conta a história de Jacob, um garoto de dezesseis anos que ama seu avô excêntrico. Até que um dia o garoto encontra o avô morto por um monstro. A vida de Jake muda muito depois disso, sendo obrigado a fazer terapia e viver sua vida sem amigos, num trabalho sem graça nos negócios da família. Então, incentivado por seu psiquiatra, Jake viaja para o local do orfanato onde seu avô foi criado e acaba se deparando com destroços. Mas nem tudo é o que as pessoas enxergam. Ele vai em busca de respostas e encontra muito mais: aventuras, amizades, que tudo contado por seu avô era verdade, amor e monstros. Uma história com viagens no tempo, criadas a partir de fotografias antigas e esquecidas por seus antigos donos. Numa linguagem gostosa de se ler, Jake narra suas aventuras ao lado de seus amigos em busca da segurança para todas as crianças peculiaridades de todos os tempos. Amei a história e não vejo a hora de ler as

O livro "Dionísio em Berlim", de Tiago Novaes, é uma reinvenção do mito de Dionísio, através de sua busca por suas origens. A história é narrada sob o ponto de vista de cinco personagens diferentes, onde cada um, a sua maneira, nos mostra as facetas vinculadas a esse protagonista. Cada um com sua voz, com suas peculiaridades, sua história. No começo, mesmo tendo participado dos encontros do Diário do Romance, tive dificuldades em me conectar aos personagens, mas da metade do livro para o final, tudo parece se encaixar e vemos o primor com o qual o livro foi construído. Recomendo muito a leitura.  Dica: Está disponível no Kindle unlimited!

Mais uma leitura finalizada! Pelo menos uma coisa boa nessa quarentena: tenho a oportunidade de ler bastante! Opostos é o último livro da saga lux e traz o desfecho para todos os personagens. A história é narrada em primeira pessoa, alternando o foco narrativo entre Kat e Daemon. O mundo foi dominado pelos Luxen e os Black precisam lidar com o dilema de ficar ao lado de seu povo ou dos humanos. Um livro cheio de ação e muitas reviravoltas. Recomendo muito a leitura, principalmente, para aqueles que gostam de fantasia urbana e de romance. #quarentena #leitora #leitura #lendo #ficaemcasa #leitora #fantasiaurbana #opostos

O dia rendeu mais uma leitura! Pra você eu conto, de Moacyr Scliar, narra a história do primeiro amor de Juca por sua professora de História. Uma linguagem fluida e muito gostosa de ler, onde o narrador conta para seu neto suas primeiras experiências de vida. "Andei pelo centro da cidade, no meio daquela gente, e pensando em Marta, naquilo que ela dizia sobre viver a História." Acho que hoje, com essa #quarentena, estamos também vivendo a história e espero poder, um dia, envelhecer para poder contar aos meus netos como conseguimos superar essa pedra que parou no nosso caminho.

Mais uma leitura durante essas férias forçadas! A cama, de Lygia Bojunga, conta a história de diversos personagens, conforme uma cama centenária, que traz uma tradição para sua família, vai passando de mão em mão. Difícil falar sobre esse livro, mas a personagem central é uma cama, testemunha de nascimentos, amores e mortes. Adorei a leitura!

O garoto está de volta, da Meg Cabot, me trouxe muitos momentos divertidos! Há muito tempo não ria tanto com um livro assim! O livro não é narrado de um modo convencional. Através de diversos gêneros textuais (notícia de jornal, e-mails, mensagens instantâneas de texto, avaliação de produto, diário de agradecimento, etc.), conhecemos as personagens da história e o desfecho de uma história de amor que começou dez anos antes. Adorei! Mais uma vez, Meg Cabot me surpreendeu e me fez passar momentos bem agradáveis durante esta #quarentena.

Segundo dia das minhas férias forçadas, mais conhecidas por quarentena ou confinamento social ou afastamento social. Já li bastante ontem e hoje, mas não resisti e fui pintar desenho para desestressar um pouco. Na verdade não sei como alguém consegue relaxar diante de uma situação dessas. Então, parei de abrir os vídeos e de ouvir as mensagens. Falei com minha família que não está perto e decidi relaxar (ou pelo menos tentar!)

Fiquei muito surpresa com os novos livros adquiridos pela escola onde trabalho. Pra falar a verdade, só não dei pulos de um metro de altura porque a preocupação com o bem-estar dos alunos, colegas e familiares não deixou. Mas já que estou de quarentena mesmo, por que não aproveitar para ler?! Então comecei com esse clássico de romance policial juvenil, escrito por uma brasileira, Lúcia Machado de Almeida. O escaravelho do diabo conta uma série de assassinatos que ocorre em uma pequena cidade do Brasil. Digamos que esse livro não deixa nada a desejar para os #romancespoliciais que conhecemos e traz toda uma cadeia de investigação e mistério, através do ponto de vista do estudante de medicina Alberto, irmão da primeira vítima. Adorei e não vejo a hora de poder recomendar para meus alunos!

Aquela sensação de peso em cima do peito, como se o próprio ar tentasse sufocar você. Uma tremedeira sem motivo. Um milhão de possibilidades que passam por sua cabeça muito antes das decisões serem tomadas. Uma dor de barriga que comprime suas entranhas. A respiração entrecortada. Uma fome de algo que não se sabe o que é. Um choro preso no fundo da garganta. A noite mal dormida. A insônia que acorda você e não o deixa voltar a dormir. Não há motivos. Não tenho uma explicação para todos esses sintomas. Sei apenas que é assim que me sinto.  Há dias estou assim, sem motivo aparente. Sem uma explicação convincente. Sem saber o que poderia ser feito.  Para algumas pessoas parece fácil. Basta controlar essa ansiedade. Mas como? Preciso de uma receita que ensine o passo a passo. Tudo, que poderia ter causado esses sintomas, passou. E as sensações continuam. Então fiz o que já deveria ter feito há vários meses atrás: procurei ajuda psiquiátrica. Veio a chuva de recomendações: esse remédio vici

Não podemos criar expectativas que envolvam outras pessoas. Eu sou assim e acabo me decepcionando com muita frequência. Não quero me envolver, mas não consigo me afastar. Tenho esse medo que comprime meu coração e, de alguma maneira, acabarei triste por causa de minhas escolhas, pensando nos outros. Tive a oportunidade em minha mão, bem firme e forte, presa entre meus dedos, mas decidi deixar que ela escapasse. No mesmo momento, me arrependi, e a sensação de impotência me dominou. Fiz uma promessa para mim mesma que agiria de forma diferente do ano passado, e espero cumpri-la. Chega de autoboicote! Chega de ser infeliz com minhas próprias escolhas! E, principalmente, chega de acusar os outros das decisões tomadas por mim mesma. Por um momento hoje pensei com rancor e até quis esbravejar com o mundo, mas para quê? Chega de atitudes infantis. Sou eu quem está no controle de meu destino. E não vou deixar que ninguém assuma isso por mim. Guacira Maffra

Acho que este é o sexto dia de #umapaginapordia... Agora são 7:55 de uma manhã de domingo de férias. Mas apesar da tranquilidade de poder descansar nesse lugar maravilhoso (pra mim todas as praias são maravilhosas), a ansiedade já começou a cavar um buraco no meu peito. Estou me preparando para retornar para São Paulo, para atribuição de aulas do Estado e sinto um peso dentro de mim. A minha ansiedade é do tipo antecipatória, já estou sofrendo antes mesmo de chegar na minha hora de escolher as aulas. Uma decisão que não tem volta e que vou ter que carregar comigo para o resto do ano.  Tenho boas intenções, mas delas o inferno está cheio (olha o clichê). Sei que o que for decidido mexerá com a vida de outras pessoas e isso me incomoda muito. Queria apenas ser eu mesma e não ligar para os outros como fizeram comigo a vida toda, mas não consigo.  Acabei acordando antes que o normal e não voltei a dormir. Terminei de ler um livro no Kindle e já escolhi outro. Continuei a leitura de um outr

Corro em busca de algo: De um sentimento De um sonho De um beijo... Corro até meus pulmões Desejarem mais ar Desejarem parar Desejarem se afogar... Corro como se a vida Não dependesse de nada Não fosse um tormento Não estivesse desenfreada... Corro em busca de sentir Algo além de mim mesmo De todo o sofrimento Que vai além do medo... E se não fosse possível Correr contra o vento Deitado, estático, cansado... Correria apenas em meu sofrimento ... Guacira Maffra

Pensei muito antes de começar a escrever hoje. A preguiça impregnada dos vestígios da hipoglicemia que me deu pela manhã, somada ao calor do verão aqui de Itanhaém estavam em complô contra mim. Acordei de madrugada (como sempre) e me dei conta de que havia esquecido do meu remédio para a tireóide. O mundo caiu. A farmácia mais perto ficava a meia hora de caminhada da casa dos meus pais. Não queria ter de depender da carona de ninguém para comprar, ao mesmo tempo que eu poderia juntar o útil ao agradável: andar para adquirir o remédio. Andar à beira-mar é tudo de bom! Agora, andar numa rua comprida, com pouco comércio, onde não passa ônibus algum por muito tempo (pude comprovar isso na prática), não ajudou nada. Senti muito medo. É claro que para evitar ao máximo possíveis interações humanas, andei mais rápido que o normal e o pão francês (maior inimigo do bariátrico) fez com que eu amargasse a sensação de "estou morrendo" causada pela hipoglicemia. É batata. Basta comer qualq

Dia 2 Então o dia começa como todos os outros. Cinco da manhã. É cruel o que o nosso relógio biológico é capaz de fazer. Estou tão presa a minha rotina de acordar às cinco, que não consigo proporcionar ao meu corpo e mente horas a mais de sono. Junte a isso o fato de que não existe mais horário de verão e o dia começa a amanhecer cedo assim mesmo. Desta forma, o sol nasce, e com ele e meu relógio biológico em comum acordo, meu dia começa. Férias é tudo que desejo, mas hoje descobri que não vou poder usufruir dela até o dia 2/2, como pensava. Volto à labuta diária no dia 27/1. E bate o desespero e começo a suar frio pensando que as férias irão acabar. Meu coração faz isso comigo. Não me permite relaxar. Ou eu poderia culpar minha ansiedade? Não tenho certeza de nada, nem dos meus próprios sentimentos. Então levantei e me encaixei na rotina das férias. Um desejo de que vou conseguir emagrecer 20 quilos ao longo desse ano para ser considerada apta a entrar na faca mais uma vez. Uma caminh

Dia 1 Fui desafiada, indiretamente, a escrever uma página por dia, durante esse mês da escrita criativa. Precisava de uma desculpa para começar a escrever algo ao longo das minhas férias, mas perdi um pouco do interesse pelas fanfics e deixei minha série de fantasia urbana de lado, na verdade, lá em São Paulo, enquanto estou aqui passando férias em Itanhaém. Férias não combinam com notebook, apenas com celular (que já se tornou a extensão dos meus braços) e Kindle. Mas vamos lá, vou tentar escrever umas crônicas, talvez uma por dia. Rotina. Preciso dela para viver. Ao longo de duzentos dias letivos, aguardo por minhas férias. Aqueles momentos sonhados com a praia, com a piscina, longe de crianças indisciplinadas e que ainda não descobriram a finalidade de estudar. É isso aí, você adivinhou se me viu parada em frente a uma sala de aula com, pelo menos, trinta crianças de onze ou doze anos, falando alto e tentando chamar a atenção delas para o substantivo, para o adjetivo, para o verbo..