Balada 2
Bom dia, gente!
O conto a seguir foi escrito durante o Exercício #9 do mini curso que fiz de escrita criativa. É uma continuação do conto Balada. Espero que gostem.
Balada 2
Gisele abriu os olhos e levou um tempo para se localizar. Estava zonza. Lembrou-se do bar dançante, da companhia das amigas, de estar na porta do local guardando o papel no bolso com o número do telefone do cara com quem curtira a noite passada.
Olhou em volta, mas não reconheceu o quarto da amiga Marcela. Algo não se encaixava. Sentou-se na cama. A cabeça latejava. Apoiou a mão na lateral da cabeça e pressionou com força para amenizar a dor, em vão. Os lençóis da cama de casal estavam desarrumados, um cheiro forte no ar. Algo como roupa suja e excesso de água sanitária. Uma fresta mínima da janela aberta. A poeira bailando às suas vistas. O lençol caiu em seu colo e o ar fresco da manhã fez com que percebesse que estava nua. Nem sinal das roupas usadas na noite anterior. Um vazio lhe apertou o estômago e uma profusão de imagens desconexas surgiram em sua mente. Um sorriso simpático com uma covinha de lado. Um pedido ao pé do ouvido. Uma briga homérica com sua melhor amiga. Uma carona na garupa de uma moto. O ar gelado no rosto. A quase sensação de sobriedade. Boca e mãos por todos os lados. Uma transa dolorida...
Tocou suas partes íntimas, colhendo o vestígio de ter sido violada.
Levantou-se cambaleando, o corpo dolorido. Mirou-se no espelho do banheiro. Marcas arroxeadas a deixavam irreconhecível. Os seios sensíveis ao leve toque. No pescoço uma marca nova, não parecia um chupão. Era mais como picada de bicho, mais de uma. Ainda havia vestígios de sangue nas feridas.
Jogou água fria no rosto e procurou por suas roupas. Não conseguia ver nada. Buscou a janela e decidiu escancarar a cortina, mas tropeçou em algo pelo caminho.
Caiu no chão sobre algo macio. Sua boca abriu-se num grito incrédulo. O rapaz charmoso de olhos verdes jazia nu no chão ao lado da cama.
Gisele não sabia o que fazer. Batidas na porta. Alguém ouvira seu grito e veio ao seu auxílio. Ponderou por um momento se deveria abrir a porta do quarto. Lágrimas começaram a se formar dentro de seus olhos.
Enrolou o corpo com o lençol branco da cama e destrancou a porta. Dois policiais estavam parados do lado de fora no corredor, acompanhados de uma mulher de meia idade:
— Senhorita Gisele Gentily? — perguntou o homem mais baixo e de barriga proeminente.
A moça apenas assentiu com a cabeça.
— A senhorita está presa, acusada de assassinato.